Daniela Lopes é jogadora no Gil Vicente e foi dirigente do SC Braga até agosto do ano passado, altura em que decidiu aceitar o desafio na Shire Sports para desempenhar as funções de Women Football Manager.
Esta carreira começou com muitas dificuldades e obstáculos.
O sonho de ser futebolista não encontrava apoio nem incentivo nos pais, que não aceitavam o facto da sua filha, uma menina, querer jogar à bola.
Desde cedo que Daniela fugia de casa e faltava às aulas para jogar futebol.
Integrou a equipa sénior de futsal da escola secundária que frequentava em Mirandela e praticou atletismo, contra a vontade da mãe.
A paixão pelo futebol e a certeza deste seu sonho de ser jogadora profissional moviam a Daniela por artimanhas que faziam impor sempre a sua escolha.
Para não falhar os jogos de domingo, às sextas-feiras, antes de ir para a escola, Daniela preparava o equipamento, saía e escondia o saco numa rotunda perto de casa. Aos domingos fugia pela janela, ia buscar o equipamento e ia jogar.
Em consequência o seu aproveitamento escolar era negativo e o seu comportamento era sempre repreendido.
O desporto era a sua prioridade e também a causa de todos os seus problemas familiares.
Os conflitos agravaram-se e aos 14 anos foi retirada dos seus pais pela Proteção de Menores de Mirandela e foi transferida para uma instituição de jovens raparigas, em Sendim, no concelho de Miranda do Douro.
Na instituição sentia que não era privada de fazer o que mais gostava e por isso todos os seus tempos livres eram passados a jogar à bola.
O talento de Daniela deu nas vistas e depressa se começou a destacar nos torneios de escola.
Quem a viu jogar facilmente percebeu o potencial em causa e Daniela foi encaminhada rapidamente para alguns treinos de captação em Guimarães, onde a Academia AC Milan, que reúne algumas das melhores futebolistas portuguesas, logo no primeiro dia decidiu abrir as portas à jovem desportista.
Esta oportunidade levou a atleta para Guimarães, onde viveu um ano no Lar de Santa Estefânia.

Daí para a frente jogou no Santa Luzia FC, no Vilaverdense FC, no Brito SC e atualmente no Gil Vicente conquistou o sonho de ser jogadora profissional e sagrou-se a segunda melhor marcadora da segunda divisão.
Como dirigente de modalidades no SC Braga considera que aprendeu ainda mais na sua condição de atleta, por lidar e conviver com a partilha de outras atletas que a ajudaram a evoluir na sua postura em campo.
Daniela reconhece que sempre foi muito competitiva e não lidava bem com as frustrações, por isso, e curiosamente, foi na condição de dirigente que aprendeu a equilibrar-se e a progredir.
Hoje em dia alia a sua enorme ambição à humildade e persistência, empenhando-se totalmente em cada jogo, independentemente do resultado e lutando sempre até ao último segundo.
Como jogadora, não tem superstições nem rituais específicos e procura apenas apoiar as suas colegas e concentrar-se ao máximo antes de jogar.
Daniela Lopes considera que o seu sonho e a sua perseverança foram a sua salvação.
Apesar do seu percurso e afirmação, a mãe continua com muita dificuldade em aceitar a escolha da sua filha, mas o resto da família, com destaque para a sua madrinha apoia a carreira da Daniela a cem por cento.
O que mais a motiva é a própria felicidade que sente a jogar futebol e esse é o seu constante motor, mesmo quando confrontada com a falta de condições e de reconhecimento do futebol feminino que ainda se sentem.
Os preconceitos, claramente não a intimidam e Daniela Lopes acredita que num futuro próximo Portugal terá uma liga profissional, devido ao grande trabalho feito por parte da FPF e de muitos outros que trabalham diariamente em prol do Futebol Feminino nacional.
É por isso que se juntou à Shire Sports para contribuir ativamente no apoio e promoção das mulheres do futebol.
A história de superação de Daniela Lopes é um exemplo de força, foco e determinação e o seu testemunho confirma que o desporto é para todos e é de todos.